PORTUGAL TOP 10
1. Sentir Lisboa Antiga e Experimentar um passeio de elétrico tradicional
Lisboa não é a única cidade do mundo com elétricos. São Francisco, nos Estados Unidos, e mesmo o Porto, a norte do país, também possuem estes veículos elétricos que se deslocam sobre carris nas vias urbanas. Tornaram-se populares em meados do século XX, por volta da década de 50, e, pelo menos em Lisboa, vieram para ficar e impregnaram a alma da cidade, permanentemente. É difícil explicar o fascínio que ronda este transporte público, apenas sabemos que estas caixas amarelas sobreviveram à passagem do tempo por serem o veículo ideal para percorrer as estreitas ruas de bairros como a Graça e Alfama, que conservam a arquitetura da Lisboa mais antiga, por terem sobrevivido ao infame terramoto de 1755, um inevitável ponto de viragem na história e aparência da cidade.
O percurso mais popular é o da carreira 28 que liga o Bairro de Campo de Ourique, desde o cemitério dos Prazeres, ao Martim Moniz, sendo que, dada a reduzida capacidade deste transporte, as filas são esperadas. A verdade é que os turistas não o dispensam nas suas visitas a Lisboa e preferem até circular na rede pública, entre os locais alheados na azáfama do seu quotidiano, do que nos elétricos vermelhos e verdes que surgiram posteriormente como uma atração turística com o propósito de explicar este itinerário e dar a conhecer a cidade. Não sabemos se será por esta alma que cativa ou se será pelo romantismo de viajar no tempo, subindo e descendo as famosas colinas da capital portuguesa a bordo deste transporte secular. Subindo as pequenas escadas bamboleantes e passando cautelosamente atrás do guarda-freio, o soalho range agradavelmente por debaixo dos nossos pés enquanto os históricos bancos castanhos, que já transportaram inúmeras figuras históricas desde escritores a políticos, nos acolhem, de um lado e de outro do pequeno corredor.
Das pequenas janelas quadradas, ao longo do percurso, é possível ver alguns dos mais icónicos monumentos e edifícios de Lisboa. Desde o moderno Bairro de Campo de Ourique, passando pelos imponentes Basílica da Estrela e Palácio de São Bento, pelo típico e sempre festivo Bairro Alto, as ruas movimentadas do Chiado, os edifícios de traça pombalina, a maravilhosa Sé que se estende quase até aos céus, as deslumbrantes varandas sobre o Tejo que aparecem a cada esquina e as apertadas ruelas antigas que tiram o fôlego e despertam uma certa adrenalina ao lá passar. Esta é uma das formas de sentir Lisboa, num transporte muito seu.