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3. Visitar Sintra, a Vila de Conto de Fadas
Descendo a Estrada Chão de Meninos, parece que o tempo fica mais frio, a nossa respiração sente o impacto da humidade e uma neblina atípica invade o ar. Esta aparente mudança climática faz parte de toda uma envolvência misteriosa e romântica que “Sintra” prepara e invoca à chegada. E, se o fizer, quer dizer que é bem-vindo a esta “vila literária” que foi uma inspiração para Lord Byron ou Eça de Queirós, entre muitos outros, que a ela se referiram nas suas obras.
Olhando em frente, o alto monte da lua que os celtas outrora veneraram ergue-se e enquadra a bela paisagem. No topo, o longínquo Castelo dos Mouros. Os capítulos da história de Sintra, assim como as influências de vários povos, monarcas e artistas, fluem naturalmente e coexistem em harmonia. À entrada da Volta do Duche, estrada de nome invulgar, que, na sua curva e contra curva nos permite ter belas vistas sobre o pitoresco centro da vila, situa-se o imponente edifício da Câmara Municipal de Sintra e é nas proximidades também que encontramos a casa das Queijadas da Sapa, consideradas as melhores, a par das da Casa do Preto. (As queijadas e os travesseiros são os deliciosos doces típicos de Sintra).
Na vila, o Palácio da Nacional, com as suas chaminés cónicas está de frente para os vários palacetes encavalitados, que, nas suas estreitas ruas escondem pequenas lojas e cafés. Mas, seguindo pela estrada principal, é o verde que predomina outra vez quer nas nobres árvores, na densa vegetação ou mesmo no musgo e nos fetos que enfeitam as casas. A deslumbrante Quinta da Regaleira assinala a subida para o Palácio de Seteais e para Monserrate. O primeiro, convertido num hotel de luxo em meados do século XX, tem jardins de encantar e um miradouro cujo arco enquadra na perfeição o Palácio da Pena, expoente máximo do romantismo dos edifícios da Vila, mandado construir por Fernando II, que idealizou Sintra como a sua Baviera. O segundo não só tem um sumptuoso Palácio como um Parque intocável e resguardado, com uma cascata e lago repletos de esplendor. Mas falar apenas nestes três não faz sequer justiça ao vasto e diverso património que aqui se encontra.
Eça escreveu que “Tudo em Sintra é divino” e não há canto da vila que não seja poema. Versos que são escritos enquanto as solas dos sapatos palmilham as apertadas ruas, modestamente alcatroadas, e rimas que são elaboradas com a ingenuidade de quem passeia sem rumo, à espera de ser encantado.